Tratamentos Cirúrgicos
Em que consiste o Tratamento cirúrgico?
O tratamento cirúrgico tem como objetivo a remoção do tumor. Dependendo do estadiamento clínico e da sua localização dispomos de várias opções cirúrgicas.
Como é realizada a intervenção cirúrgica?
A cirurgia pode ser realizada por abordagem convencional ou por via laparoscópica (cirurgia minimamente invasiva). A cirurgia laparoscópica sendo menos invasiva, permitirá uma recuperação pós-operatória mais rápida. A decisão relativamente ao tipo de abordagem depende de vários fatores pelo que a cirurgia minimamente invasiva não é uma opção em todos os casos. Modificar a abordagem durante a própria cirurgia também pode acontecer em alguns casos, de acordo com os achados no momento da cirurgia.
Abordagem trans-anal
A abordagem transanal permite a remoção do tumor sem necessidade de abertura da cavidade abdominal e sem necessidade de realização de anastomose (união de 2 partes do intestino). Pode ser realizada por cirurgia minimamente invasiva (TAMIS).
Resseção anterior do recto
A ressecção anterior do reto (RAR), consiste na remoção de parte ou todo o reto com necessidade de anastomose (união do cólon com o reto ou o ânus).
Resseção abdominoperineal
A ressecção abdominoperineal, consiste na remoção de todo o reto e do ânus (incluindo os músculos esfincterianos). Nesta situação o doente fica com uma colostomia (exteriorização do cólon na parede abdominal).
Exenteração pélvica
A exenteração pélvica, é uma opção cirúrgica radical utilizada quando existe envolvimentos de outros órgãos da cavidade pélvica pelo tumor. Consiste na remoção em bloco do reto (resseção anterior do reto ou resseção abdominoperineal) e dos órgãos envolvidos (bexiga, útero, vagina, sacro e cóccix). Nesta situação o doente também fica com uma colostomia (exteriorização do cólon na parede abdominal).
Cuidados Peri-Operatórios
Preparação para a intervenção
Consentimento informado
Como já referido, antes da sua cirurgia ser-lhe-á explicada a intervenção a que vai ser submetido, bem como os riscos e benefícios que possam advir deste tratamento. Neste contexto, ser-lhe-á entregue por escrito o consentimento informado, esclarecido e livre onde constarão todas estas informações e que deverá entregar assinado no dia de admissão hospitalar. Caso não lhe seja entregue dias antes, a assinatura deste consentimento ser-lhe-á pedida no momento do seu internamento.
Estilos de vida
É importante manter um estilo de vida ativo e saudável. Neste contexto, poderá ter uma consulta de medicina física e reabilitação onde lhe serão dados alguns exercícios respiratórios que deverá realizar antes da cirurgia. Deverá ainda realizar caminhadas de pelo menos 30 minutos pelo menos 3 vezes por semana como preparação para a sua cirurgia.
Se é fumador é importante que deixe de o fazer pelo menos 30 dias antes da cirurgia. Está provado que parar de fumar com este tempo de antecedência diminui a probabilidade de complicações pós-operatórias.
Consultas e exames
São necessários alguns exames pré-operatórios como a radiografia de tórax e a eletrocardiograma (ECG). Estes poderão ser realizadas antes ou na data do seu internamento. A avaliação por anestesia dar-se-á após a realização destes exames.
Preparação intestinal
Previamente ao internamento poderá ter de realizar algum tipo de preparação intestinal (que será indicada pelo seu cirurgião).
Admissão no internamento
A admissão no internamento fica sempre ao cuidado de elementos da equipa de enfermagem e médica. O enfermeiro que o receber irá fazer o acolhimento e fornecer-lhe informações pertinentes sobre o que estará à sua disposição e dará indicações sobre o funcionamento do serviço.
Para mais informações consulta a secção sobre o internamento
Admissão no bloco
No momento de chegada ao bloco operatório irá ser recebido por uma equipa de enfermeiros e auxiliares e médicos especializados nos seus cuidados pré e pós-operatórios. Estes profissionais serão responsáveis pela sua preparação para o momento da anestesia e cirurgia.
Neste momento inicial irá trocar para uma maca especializada e será transportado até à sua sala operatória. Após entrar na sala operatória iremos proceder ao posicionamento e preparação anestésica.
Admisão em cuidados intensivos
Logo após a sua intervenção cirúrgica pode ser necessário passar algum tempo na unidade de cuidados intensivos. Esta unidade permite uma melhor monitorização intensiva do seu estado.
A Cirurgia tem complicações?
Como todos os procedimentos cirúrgicos também estas técnicas apresentam complicações potenciais. Para além das inerentes a qualquer intervenção cirúrgica, é necessário ter em conta outras complicações como a possibilidade de disfunção génito-urinária, sexual, incontinência e deiscência de anastomose (abertura da sutura entre os dois topos de intestino ligados após remoção do segmento com tumor). Durante toda a avaliação pré e pós-operatória, serão abordadas estas possibilidades e a sua abordagem, sabendo que a sua saúde é a nossa prioridade.
Quais são as principais complicações que podem ocorrer?
As complicações podem-se dividir em precoces (ocorrem geralmente durante o internamento) e em tardias (ocorrem meses após a cirurgia).
No primeiro grupo (precoces), as complicações mais frequentes são as infeções (quer da ferida operatória, que respiratórias ou urinárias) e o ileus (atraso no recomeço da função intestinal).
É também importante chamar a atenção para a complicação mais temida, a deiscência da anastomose (abertura do local de união intestinal), que pode levar a infeção abdominal grave – peritonite.
No segundo grupo (tardias), menos frequentes, incluem-se as oclusões intestinais (paragem de emissão de gases e fezes) e as hérnias incisionais (no local da cicatriz cirúrgica).
Todas estas possíveis complicações têm tratamento e serão prevenidas e abordadas atempadamente pela sua equipa médica.
Qualidade de vida
A sua qualidade de vida é uma prioridade para nós.
É parte do tratamento oncológico a preocupação com esta valência.
Sendo o doente a parte mais importante do tratamento, deve seguir as recomendações da equipa cirúrgica cujo objetivo é a manutenção e promoção da sua qualidade de vida.
Algumas das recomendações no primeiro mês de pós-operatório passam por:
- não conduzir nas primeiras duas semanas,
- não levantar pesos durante um mês,
- deverá ser mantido um estilo de vida saudável, pelo que, se incentiva a realização de caminhadas e exercício físico (definido pela sua equipa de fisioterapia).
A grande maioria das pessoas mantem um estilo de vida semelhante após a cirurgia.
E depois da cirurgia?
Após a cirurgia, o seu caso clínico será́ novamente discutido em reunião multidisciplinar. Dependendo do resultado Anátomo-patológico (avaliação da peça operatória ao microscópio), será́ definida a necessidade de quimioterapia pós-operatória.
Em todo o caso, irão fazer parte do seu seguimento várias consultas de Cirurgia ou Oncologia. Durante este período de seguimento (que dura 5 anos), irá realizar múltiplas avaliações médicas e exames (análises, colonoscopia e TC) para detetar o mais precocemente as recidivas, caso estas surjam.