Meios Complementares de Diagonóstico

Como é feito o estadiamento

Após o diagnóstico de neoplasia do reto, o passo seguinte é determinar qual a extensão (estadio) da doença, para melhor planear o tratamento. A este processo chama-se estadiamento, e baseia-se em 3 pontos-chave:

  1. Extensão do tumor – qual a extensão do tumor em profundidade na parede do reto?
  2. Extensão aos gânglios linfáticos vizinhos – o cancro atingiu os gânglios na proximidade do tumor?
  3. Extensão para locais à distância – o cancro estendeu-se aos gânglios mais distantes ou a órgão distantes como o fígado ou os pulmões?

O estadiamento baseia-se em exames de imagem que realizará no Serviço de Radiologia.

Para o estadiamento locorregional será realizada ressonância magnética (RM) pélvica e para estadiamento à distância, a tomografia computorizada (TC) tóraco-abdomino-pélvica.

Por vezes, poderão ser necessários outros exames, como a colonografia por TC, se o tumor for obstrutivo.

Radiologia

RM Pélvica

A RM é um exame que permite obter imagens detalhadas dos seus órgãos internos e tecidos, usando ondas de radiofrequência e um forte campo magnético. A RM pélvica mostra toda a área pélvica e, em detalhe, o reto. É um exame que não usa radiação ionizante (raios X) e é indolor. Devido ao campo magnético da RM, precisamos saber se tem algum material ferromagnético dentro do seu corpo, como um pacemaker, clipes de aneurismas, implantes cocleares ou próteses metálicas. Ser-lhe-á fornecida uma listagem exaustiva destes materiais antes da realização do exame. O aparelho produz ruídos intensos, pelo que são disponibilizados auriculares para minimizar esse efeito.

A duração do exame é de aproximadamente 30 minutos. Durante a realização do exame é muito importante manter a imobilidade. Alguns doentes podem ficar inquietos, por claustrofobia, quando estão dentro do aparelho de RM. Deve avisar o médico que lhe pediu o exame se fica inquieto em espaços pequenos.

Poderá ser necessário administrar um medicamento para acalmar o seu intestino por um curto período de tempo antes de iniciar o exame, de forma a que os movimentos habituais do próprio intestino não condicionem a obtenção destas imagens.

TC torácica, abdominal e pélvica

A TC (correntemente referida como TAC) é um exame que usa raios X para obter imagens detalhadas do seu corpo em vários planos.  Por norma, é necessária a administração de um produto de contraste iodado por via endovenosa, para permitir uma melhor visualização dos órgãos e das estruturas anatómicas do corpo. Antes da realização do exame ser-lhe-ão explicados os efeitos do produto de contraste. É um exame rápido. A aquisição das imagens pode demorar até 5 minutos.

Colonografia por TC

Por vezes chamada de colonoscopia virtual. Utiliza a TC para obter imagens de todo o cólon em 2D e 3D, permitindo a sua visualização. Requer uma preparação prévia e adequada do intestino, semelhante à efetuada para uma colonoscopia. É utilizada quando os tumores são obstrutivos, impedindo a realização de colonoscopia total pelo gastrenterologista. Consiste na aquisição de imagens após distensão do cólon por ar introduzido através do ânus.

Biópsia guiada por TC

Por vezes, pode ser necessária a biópsia de algum nódulo visualizado nos primeiros exames de estadiamento (no fígado ou pulmão, por exemplo) para estabelecer o seu diagnóstico e a possível relação com o tumor do reto, o que terá implicações no tratamento. Para se ter a certeza que é biopsado o nódulo pretendido, são obtidas imagens de TC que orientam este procedimento.

Ecografia abdominal

Em certas circunstâncias, poderá ser necessária a realização de ecografia abdominal complementar para esclarecimento de algumas alterações visualizadas na TC.

RM hepática (do fígado)

Em situações particulares, a TC e a ecografia abdominal são insuficientes para a avaliação do fígado. Nesses casos, poderá ser realizada uma RM do fígado para esclarecimento.

Gastroenterologia

Colonoscopia – o que é?

A colonoscopia é um exame cujo objetivo é estudar o intestino grosso (colon) e o reto. Consiste na introdução de um tubo longo e flexível (colonoscópio) através do ânus.

Na ponta do colonoscópio há uma câmara que transmite a imagem do intestino para um ecrã permitindo ao médico observar o seu interior à medida que vai progredindo. Para que o colonoscópio avance é preciso insuflar ar, o que pode provocar sensação de distensão e desconforto tipo cólica. Em certos casos, pode ser necessário realizar procedimentos diagnósticos/terapêuticos como colher biópsias e remover pólipos.

Para que o exame seja melhor tolerado é administrada medicação sedativa e analgésica pelo que após o exame é preciso fazer recobro.

Colonoscopia – porquê realizar?

Quando realizada com intuito diagnóstico, a colonoscopia permite: esclarecer alteração do trânsito intestinal (diarreia ou obstipação), perda de sangue nas fezes, dor abdominal e/ou anemia e, ainda, rastrear o cancro do colon e reto.

Colonoscopia – quais os riscos?

A colonoscopia é um exame seguro, mas ao ser invasivo pode ter complicações:

  • laceração/perfuração do colon, que pode obrigar a cirurgia urgente;
  • hemorragia, sobretudo se for realizado um ato terapêutico (polipectomia, dilatação);
  • efeitos adversos da medicação sedativa.

Colonoscopia – pré-requesitos?

  • O doente deve fornecer informação concreta relativa aos seus antecedentes, nomeadamente de cirurgia abdominal, suspeita de diverticulite aguda ou alterações da coagulação;
  • Deve informar o médico ou enfermeiro em relação aos fármacos que fazem parte da sua medicação habitual com especial atenção para os anticoagulantes e antiagregantes;
  • Deve vir acompanhado por familiar/amigo;
  • Será necessário assinar o consentimento informado.

Preparação intestinal – porquê/como?

Para que a colonoscopia seja conclusiva é essencial que o interior do intestino esteja limpo. Uma adequada limpeza passa pelo cumprimento de dieta líquida nos dois dias prévios ao exame e, ainda, pela ingestão da preparação intestinal na totalidade. O tipo de preparação e a altura em que deve ser tomada pode ser diferente dependendo do doente e do horário do exame. É normal que as fezes se tornem líquidas e claras.

Após a colonoscopia é normal:

  • Sentir ligeiro desconforto e/ou distensão abdominal e flatulência;
  • Sentir sonolência, se realizada sedação.

Recorrer de imediato à urgência se:

  • Febre;
  • Abdómen distendido e muito doloroso;
  • Perda de sangue nas fezes em grande quantidade, que persiste por vários dias ou que se associa a tonturas e/ou desmaio.

Pólipos do cólon – o que são?

Os pólipos do cólon são formações que surgem na camada que reveste o interior do cólon ou intestino grosso, denominada mucosa. A maioria dos pólipos é de natureza benigna. No entanto, com o passar dos anos, alguns pólipos podem invadir as restantes camadas do cólon e evoluir para cancro.

Geralmente, os pólipos do cólon não causam queixas. A colonoscopia permite detetar os pólipos numa fase inicial e removê-los totalmente. A remoção dos pólipos reduz consideravelmente o risco de cancro do intestino.

Quais as indicações para realizar uma mucosectomia/polipectomia?

Na maioria das vezes, os pólipos são de fácil remoção por colonoscopia (polipectomia). No caso de ser detetado um pólipo maior do que a média, a forma mais segura de o remover é através de uma técnica chamada de mucosectomia.

O que é uma mucosectomia?

É uma técnica de remoção de pólipos grandes ou aplanados, que consiste em:

– Injetar uma solução química (corante azul) que permite elevar o pólipo e afastá-lo dos tecidos circundantes;

– Em seguida, através de um laço de arame colocado na extremidade do colonoscópio, o pólipo é seccionado e separado da parede do cólon, utilizando corrente elétrica;

– Por vezes é necessário aplicar coagulação para “queimar” algum resto de pólipo que tenha ficado.

– Posteriormente, é feita a análise do pólipo ao microscópio para determinar qual ou seu tipo. Com base nessa informação será programado o seguimento mais adequado.

Após o tratamento é natural que:

  • Sinta algum desconforto na barriga ou uma emissão anormal de gases pelo ânus. Isto é causado pela insuflação de ar durante o exame, necessário para uma boa observação do intestino;
  • Note a saída de corante azul com a dejeção ou pela urina;
  • Perca uma escassa quantidade de sangue pelo ânus.

O que posso comer?

  • No dia do tratamento é aconselhável uma dieta ligeira;
  • No dia seguinte, pode retomar a sua dieta habitual.

Deve contactar imediatamente o seu médico assistente se:

  • Dor intensa na barriga;
  • Barriga inchada e dolorosa;
  • Febre;
  • Perda de sangue pelo ânus em grande quantidade ou que persiste por vários dias ou associada a tonturas e sensação de desmaio.

Colocação de Próteses Entéricas do Cólon

Qual é o meu problema?

Se foi proposto para a colocação de uma prótese, o seu intestino grosso tem um aperto que impede ou dificulta a passagem das fezes. Assim, para que possa continuar a ter um trânsito intestinal normal, será necessário colocar-lhe uma prótese entérica.

O que é uma prótese entérica?

Uma prótese entérica é um tubo feito de uma malha metálica que é colocado no interior no intestino, de forma permanente, de modo a mantê-lo sempre aberto.

Recomendações após o tratamento:

  1. Que medicamentos devo tomar?
    De forma a facilitar a formação de fezes moles, para que a própria prótese não fique “entupida” ser-lhe-á recomendada toma de laxantes.
  2. O que posso comer?
    1º dia após o exame: Unicamente líquidos: água, chá, café, batidos, sumos, sopas em creme com poucas fibras ou sopas de leite;
    2º dia após o exame: Alimentos de consistência mole: massas, pão, cereais, pudins, gelatinas, iogurtes, gelados e purés.
    A partir do 3º dia pode iniciar dieta habitual com carne/ peixe, frutas e vegetais
  3. Devo evitar alguns alimentos?
    Pelo risco de obstruir a sua prótese, deve evitar alimentos ricos em fibras como a alface, as couves, o milho, o ananás, frutos secos (nozes, amendoins, etc), casca de frutos ou vegetais e ainda frutos com sementes (como as laranjas, a melancia e o tomate). Deverá também comer de forma repartida ao longo do dia e em pequenas quantidades.

Agora que tenho a prótese, o que esperar?

Após o procedimento é natural que:

Perca pequena quantidade de sangue pelo ânus durante alguns dias, devendo contactar o seu médico se as perdas continuarem por mais de 1 semana ou se iniciar sintomas como tonturas, desmaios e cansaço.

Dor de barriga ligeira, podendo tomar (a menos que seja alérgico), 1 comprimido de Paracetamol de 1g de 8/8h. Deverá contactar o seu médico se a dor continuar por mais de 1 semana.

Quando contactar o seu médico?

  1. Se deixar de evacuar ou de emitir gases.
  2. Se sentir dor de barriga intensa.
  3. Se aumentar muito o volume da barriga.
  4. Se tiver sensação de evacuar permanente e desconfortável.
  5. Se eliminar a prótese pelo ânus.